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Bombons

Você gosta de bombons! E se pudesse escolher quantos bombons quer ganhar? Muito bom né? Mas… e se isso dependesse também de quantos bombons um desconhecido iria ganhar? Será que seria uma escolha fácil?

Idade: 6 anos em diante.


Bombons

Narrador: Você gosta de bombons? (Ariê Sorridente)

Ariê: Sim, gosto muito! Amo bombons! (Ariê entusiasmado com bombons e corações na tela)

Narrador: Você tem duas opções: (Ariê interessado)

Narrador: Prefere receber DOIS bombons e alguém que você nem conhece receber DEZ bombons, (Ariê olha desconfiado)

Narrador: Ou cada um receber apenas UM bombom? (Ariê fica com uma expressão confusa)

Narrador: ‘E você, o que você escolheria?’ (texto com bombons e interrogações).

Roteiro por: Renato Reiniger

Desvendando as Tirinhas:

Na tirinha, Ariê é confrontado com uma escolha simples, mas cheia de camadas:
Receber dois bombons e ver um desconhecido ganhar dez?
Ou receber apenas um bombom e o outro também ganhar um?

Essa decisão toca em algo que pesquisadores chamam de aversão à desigualdade (inequity aversion, em inglês).

O que é “aversão à desigualdade”?

É a sensação de incômodo ou desconforto que sentimos quando percebemos que alguém está recebendo mais do que a gente, mesmo que estejamos ganhando algo bom.

Esse conceito é estudado na economia comportamental, mas também se conecta à psicologia e à neurociência. Em muitos experimentos, até macacos já mostraram sinais de incômodo ao perceberem recompensas desiguais.

Importante:
Quando falamos de aversão à desigualdade, não estamos falando diretamente de desigualdade social, como pobreza ou falta de acesso a direitos.
Estamos falando de divisões desiguais, como quando uma pessoa recebe muito mais que outra em uma mesma situação. Esse tipo de desigualdade é muito comum em pequenas decisões do dia a dia: dividir um lanche, um presente, uma chance de brincar.
E o interessante é que mesmo crianças pequenas já reagem emocionalmente a essas divisões!

Mas tem certo ou errado?

  • Não. E isso é o mais curioso.
    A resposta não é ética, é pessoal.
    Não existe uma escolha correta universal. O que existe é uma janela para se conhecer melhor.

Quatro cenários que influenciam nossa decisão:

  • Se for alguém que você ama:
    Você pode até sentir alegria ao ver essa pessoa ganhar mais.
    “Se minha irmã ganhar 10 bombons e eu só 2, tá ótimo. Eu amo ela!
  • Se for alguém que você odeia:
    O desejo pode ser de que ninguém ganhe nada, só para o outro não sair por cima.
    'Prefiro que todo mundo receba pouco a ver essa pessoa se dar bem.'
  • Se você estiver passando necessidade:
    A decisão tende a ser mais prática:
    'Preciso dos dois bombons, mesmo que o outro ganhe 10.'
    A urgência pessoal pesa mais que o senso de justiça.
  • Se for um desconhecido (caso da tirinha):
    Esse é o dilema mais interessante. Não há amor, nem raiva, nem urgência.
    Só resta você… e sua visão de mundo.

A visão de mundo faz diferença?

Sim. Quando a pessoa que vai receber é um desconhecido, sua escolha pode depender de como você imagina quem ela seja:

  • Se você acha que a maioria das pessoas é boa, talvez aceite que ganhem mais.
  • Se você vê o mundo como um lugar onde a maioria é aproveitadora ou injusta, pode preferir uma divisão mais igual, mesmo que isso signifique abrir mão de um bombom.

Essa intuição aparece nos estudos sobre aversão à desigualdade:

Em geral, as pessoas têm mais facilidade em aceitar desigualdade quando confiam nos outros, e mais resistência quando acham que estão sendo passadas para trás.


E o altruísmo?

Existe ainda uma camada a mais: o altruísmo, quando alguém escolhe que o outro ganhe mais por considerar isso justo ou necessário.
Mas até o altruísmo pode ter diferentes motivações:

  • Genuína empatia.
  • Culpa social.
  • Desejo de se sentir ou parecer uma boa pessoa.

Ou seja: até a generosidade tem suas nuances.

Por que isso importa para crianças?

Porque dilemas assim aparecem o tempo todo na infância:

  • Na divisão de brinquedos.
  • No tempo de atenção de um adulto.
  • No lanche que é maior para um do que para outro.
  • Nos combinados de sala.

Esses momentos cotidianos moldam a forma como as crianças entendem justiça, convivência, empatia e merecimento.

A tirinha deixa a pergunta no ar:

E você, o que escolheria?

Não como julgamento, mas como um convite ao autoconhecimento.

Making of:

Aqui você vai encontrar bastidores da tirinha.

Esboço feito a lápis. Arte digital.